quinta-feira, dezembro 14, 2006

Jacú Nation - Cada país têm os representantes que merece



A melhor saída para o Brasil é(ra) o aeroporto.
[Agora até a classe que anda de avião sabe o que é transporte público]
Os presidentes da Câmara e do Senado decidiram assinar um ato conjunto aumentando o salário dos parlamentares para R$ 24,5 mil, equiparando o valor ao teto do Judiciário. Com isso, os salários dos deputados e senadores terão um reajuste de quase 100%. Atualmente o salário é de R$ 12.847,00. O novo salário entrará em vigor em 1º de fevereiro de 2007, quando inicia-se a nova legislatura. (Fonte jAcú Notícia - 14-12-2006).

Sem comentários.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu hoje que ficou difícil para o governo recuar na proposta de aumento de salário mínimo em 2007 de R$ 375, previsto no projeto de Orçamento de 2007. O ministro, no entanto, disse que sua posição continua sendo de um reajuste que elevasse o mínimo para R$ 367. "Ficou difícil voltar atrás, mas eu sustento que o certo é R$ 367", disse. (Fonte jAcú Notícia - 12-12-2006)

Sem comentários.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Mais uma do Belmonte - Conto de Natal




A preguiça acadêmica pós fim de curso me aflige. Como não estou a fim de escrever, vou usar mais um texto de nosso nobre colunista Belmonte que, se fosse vivo, teria muito trabalho em Jacú City. Esta história poderia ter se passado em qualquer lugar.

Conto de Natal

Era um garoto de 15 anos. Pobre. Educado, naturalmente, de um modo um tanto precário, o que não impediu que os seus sentimentos mais nobres deixassem de desenvolver-se, fazendo dele o que se costuma chamar “um menino bom”.
Nessa idade, e nessas condições, a cultura do garoto era sumaríssima, não indo além, talvez, das primeiras letras. Natural, portanto, que ele não fosse versado em economia política, nem em finanças, nem em problemas monetários. Mas, se os conhecimentos teóricos dessas profundas questões não lhe davam a autoridade de um Leroy Beaulieu, o rapazinho tinha a intuição inata dessas matérias graves. E assim sendo, foi com certo pasmo que percebeu, nos guardados do seu pai, um maço de notas embolorando-se num baú, com sério risco para a economia nacional.
Sabendo, por intuição, que o dinheiro foi feito para circular, e vendo que aqueles oitocentos mil réis jáziam ali, numa inutilidade criminosa, o garoto lembrou-se ainda de muitas coisas que lhe ensinaram, entre as quais a de que nós, na terra, devemos ajudar-nos uns aos outros.
— Meu filho! Nós sempre devemos ser bons! A caridade é uma das mais nobres virtudes humanas! Seja caridoso que será feliz!
O rapazelho tocou o maço de notas. Para que servia esse dinheiro, estagnado ali, no fundo de um baú, quando lá fora tanta gente sofria, sem um teto e sem uma côdea de pão?
E o estranho menino não pensou mais. Estendeu o braço empolgou a maquia, enfiou-a no bolso e saiu para a rua.
Andou um pouco, até parar à porta de um grande circo. Aí, depois do deslumbrar-se com os cartazes multicores e multiformes, deu com o olhar, de súbito, num menino magro e maltrapilho que também sorria, enlevado, para o esplendor fantasmagórico do pavilhão policrômico, esquecido da sua penúria.
Aproximou-se dele. Conversaram. O aspecto miserando desse pária precoce, sensibilizou a alma do rapazinho bom que tinha oitocentos mil réis no bolso.
— Você tem pais?
— Tenho mãe.
— Por que anda assim esfarrapado e triste?
— Minha mãe é pobre. Não pode comprar roupas para mim. Às vezes, nem sequer pode comprar comida para nós...
— Venha comigo.
Seguiram juntos, rua abaixo, em silêncio, meditativos. Pouco adiante, pararam, em frente a um belchior.
— Vamos entrar.
Lá dentro, o menino dos oitocentos mil réis, com a alma iluminada de júbilo, pediu ao adelo uma farpela nova para o companheiro esfarrapado. E além da roupa, um chapéu. E camisa. E um par de meias. E sapatos...
Minutos depois, radiantes de incontida satisfação, os dois amigos saíram. O menino miserável, dentro de sua roupa nova, elegante e limpo, contemplou o seu extraordinário benfeitor, sem balbuciar uma palavra, mas falando pelos olhos que brilhavam, e agradecendo mudamente, com a linguagem silenciosa das crianças, a dádiva maravilhosa que lhe vinha dos céus por intermédio daquele menino bom.
— Você ganha brinquedos no Natal?
— Eu? Vejo os brinquedos dos outros...
Entraram numa loja. O menino dos oitocentos mil réis comprou uma porção de brinquedos para o menino miserável. Era um dia de sonho. Um dia de conto de fadas.
— Compre mais! Você não tem irmãos?
— Tenho.
— Pois leve brinquedos para eles!
O menino miserável sorria. O outro pagava, sorrindo também, imensamente feliz por estar fazendo a felicidade do companheiro.
— Que lindo Natal nós vamos passar! Como a vida é bonita! Como Deus se lembrou de mim e dos meus irmãozinhos infelizes!
* * *
Esse foi o fato que aconteceu anteontem. É uma história real que os jornais noticiaram.
Mas a vida não é, exatamente, um conto de fadas. Foi por isso que, quando os dois meninos saíam de uma confeitaria, um “grilo” prendeu-os e levou-os à Central, onde um delegado carrancudo lhes passou terrível reprimenda.
No dia seguinte foram ambos entregues aos pais, e o menino bom, de calça arreada, levou uma surra de criar bicho!
Coisas da vida... O crime de ser bom...