quarta-feira, maio 31, 2006

Concurso faça você também parte do Universo Unicú - Crie sua própria placa de aviso aos novos unicússitários





Recentemente e sem aviso, a sede imperial do Universo Unicú conhecida por reitoria, governada pelo supremo chanceler Lord Reitor resolveu melhorar as condições de segurança de nossa amada universidade. A solução natural encontrada por esta augusta instituição educativa foi trancar-nos atrás de umas portas pantográficas, e quem sabe cercar o campus com cerca elétrica e fosso, num futuro próximo.
A gaiolização do universo Unicú já não é de hoje: desde a revolta de 30 de outubro de 2003, contra o aumento das mensalidades (que como sempre não deu em nada, exceto em meter medo na sede imperial) que a nossa renomada instituição educacional vem se preparando para deixar do lado de fora aqueles que não podem pagar por ela: descentralização da cobrança das mensalidades em favor de uma empresa especializada, colocação de câmeras de segurança por todo o campus, vigiando qualquer atividade estudantil não autorizada, segregação de alunos ou estudantes de outras instituições, ao exigir um passe para se entrar na biblioteca universitária, tentativa de cobrança, por parte de empresa terceirizada, do estacionamento em via pública efetuado nas dependências da Unicú.
Como não podíamos deixar de perceber isto, e como meu interesse permanece inalterado, a saber, analisar as peculiaridades culturais de Jacú City, à luz do conhecimento estabelecido pela nossa vivência na Unicú, estamos encampando um movimento cujo objetivo é desenvolver as placas de advertência e avisos que serão pregados ao redor de todo o campus, e que farão parte de nossa estratégia de marketing cujo objetivo é manter os pobres e os ferrados bem longe deste educandário superior.

quarta-feira, maio 10, 2006

Aconteceu na UNICÚ - EREH VIII Sul - Mal entendido religioso?






Tendo acompanhado as discussões em torno da presença de dois integrantes identificados como neonazistas no Encontro Regional dos Estudantes de História, o EREH VIII, realizado pela UNICÚ, e percebendo que ambos os lados tem argumentos convincentes a respeito do caso, é interessante afirmar que pessoalmente acredito que tudo isso não passa de um mal-entendido. Afinal, os estudantes com a suástica no peito não eram nazistas: eram adoradores de Krishna, ou partidários da independência da Ilha de Man, na Grã Bretanha. Apenas foram mal compreendidos. Afinal, a cruz gamada é encontrada em dezenas de culturas, desde a Grécia, Índia, os Astecas, os Hopi, os Celtas, entre outros.
Pelo menos, esta é nossa opinião. Mas se querem uma discussão séria e respeito do que acredito que aconteceu no EREH, aqui vai: primeiro, dois estudantes de história, cuja identidade é dispensável, identificaram-se no encontro como neonazistas, blá, blá, blá. Segundo, estes estudantes foram hostilizados pelos demais participantes, o que causou certo desconforto no grupo. Terceiro, na plenária final, propos-se o afastamento ou a proibição de que pessoas ligadas a grupos extremistas como nazistas e white-power participem destes encontros. Quarto, durante a votação, vários estudantes defenderam a pluralidade de idéias e de opiniões, e o direito delas se manifestarem, e não, como afirmam alguns sensacionalistas sul rio grandenses, os dois estudantes em si. Quinto, devido à repercussão, não tive aula na terça, e isso me deixou muito irritado, e por isso estou escrevendo hoje.
O fato principal parece ser a defesa ou não dos dois ditos extremistas pelos estudantes. Afinal, pega mal defender quem quer que seja, ou mesmo a dar a eles o direito de resposta a qualquer acusação. Afinal de contas, Hitler foi um genocida, um autêntico assassino de massas. Até aí, nada de mais. Mas Mao Tse Tung e Reagan, defendidos por grupos ligados à extrema esquerda e à extrema direita também não foram? Essa é a primeira questão. Se eu me identificasse como maoista, stalinista ou mesmo reaganista, seria proibido de participar do EREH e defender minhas odiosas idéias sobre a supremacia do branco anglo saxão protestante, ou sobre o papel dos Estados Unidos no mundo de hoje, que é levar a democracia do porrete aos povos oprimidos?
A segunda questão refere-se ao direito ou não de proibir estas idéias. A declaração universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, da qual o Brasil é signatário, afirma em seu artigo sétimo:

Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação
No artigo dezoito, ela é mais enfática ainda:
Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observâcia, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Sabem para que servem estes dois artigos? Sabem por que nós achamos que é correto que todos os seres humanos, por mais estranhas que sejam suas crenças, tem o direito de segui-las? Porque ninguém possui o monopólio da verdade. Afinal, a declaração foi uma resposta aos regimes totalitários que destruiram a Europa durante a Segunda Grande Guerra. A declaração deveria nos defender de governos despóticos, organizações que cerceiam nossos direitos.
É claro que, quando a questão é o direito de difundir idéias como consumismo e propriedade, todos são unânimes em defender seu direito. Se por acaso o governo sob o qual vivemos decidisse nos privar destes direitos, não haveria uma reação, embasada na ideologia traduzida na declaração? Também fica claro que, quando as idéias a serem cerceadas em questão pertencem a grupos minoritários ou que defendem ideologias particularmente impopulares, somos unânimes em afirmar que um pouco de censura não faria mal nenhum.
Thomas Jefferson afirmava que o governo que quer defender a ordem retirando um pouco da liberdade, acabará por perder as duas. Isso significa que se queremos salvaguardar nossas conquistas e direitos, teremos que aceitar que existem pessoas a quem chamamos de extremistas que, se pudessem, nos tirariam estes mesmos direitos. Isso também significa que, para nos mantermos coerentes com nossas crenças, somos obrigados a aceitar as crenças dos outros. Sagan afirmava que o melhor remédio contra um argumento falacioso não é a censura, é um argumento melhor. Ampliando um pouco mais esta discussão, poderíamos afirmar que se assegurarmos o direito das pessoas à plena aplicação do artigo vinte seis da Declaração, não precisaremos nos preocupar. Não sabe qual é o artigo vinte e seis? Tudo bem, aí vai
Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnicrofissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Senhores estudantes gaúchos, aqueles que pensam que o Guaíba é um rio, e que Vargas, Goulart e Geisel foram grandes presidentes, ampliem um pouco mais o seu universo de formação. Leiam filosofia, literatura, leis, e não apenas Marx, Lenin e Trotski, notáveis cerceadores de liberdade, caso contrário, poderão realmente converter-se ao nazismo. Ampliem seus horizontes intelectuais e não precisarão se preocupar com o fato de que dois caras defenderam sua ideologia a um grupo pretensamente bem instruído e capaz de tomar suas próprias decisões. Quando se discute liberdade de expressão, significa exatamente isto, e não defesa de regimes totalitários e opiniões controversas. Se não defendermos este direito, e estende-lo a outros, independente de quem sejam, faremos exatamente aquilo que condenamos neles.