quarta-feira, dezembro 14, 2005

Em defesa do MIP - Museu da Imigração Paranaense




Após a leitura do texto de nosso camarada "demolidor da moral" (sic), dezenas de milhares de pessoas escreveram para esta impoluta publicação, revoltadas com a falta de tato de nosso camarada a um gesto mal compreendido de renúncia por parte de uma pessoa disposta a doar seu valioso acervo em troca de um pequeno ressarcimento por parte do poder público aos seus esforços inauditos. Ora, a cultura é uma coisa muito importante, como diz a rede Globo, e qualquer gesto que possa aumentá-la ainda mais em nossos coincidadãos é digna de nota.

Portanto, nada mais justo que um depósito de tralhas chamado museu, financiado por alguma secretaria obscura e patrocinado por alguns órgãos públicos sem um controle de caixa decente para alavancar o nível educacional de uma cidade como Jacu City. Mas porque parar nas bicicletas, no sambaqui e no museu dos alemães, quando podemos ter mais? Um dos mais valorosos projetos que defendemos é a implantação do Museu da Imigração Paranaense.

O Museu da Imigração Parananense (MIP), de caráter absolutamente didático, poderia servir de contraponto ao mito oficial da imigração germânica, consagrado em nossa história jacutiana. Os Jacus, mesmo aqueles que vieram de regiões tão diversas do país como Lebon Régis, Ibian, Manoel Ribas ou Marechal Cândido Rondom crêem, veementemente, que são descendentes dos nobres e altivos colonizadores europeus, que chegaram na barca Colon, às margens do rio Cachoeira, no dia 9 de março de 1851. Ora, todos nós, estudantes informados e conhecedores da obra de Apolinário Ternes, sabemos que apenas a elite é descendente dos alemães, e herdeira de seu árduo trabalho. A criação do MIP justifica-se como uma forma de colocar a jacuzada no seu devido lugar, ou seja, na periferia 'quanto mais longe do América melhor'.

Neste espaço, poderíamos mostrar a situação atual das comunidades imigrantes, com recortes dos principais jornais (Jacú Notícia), especialmente a página policial. Em monitores de TV, poderíamos exibir tapes de programas de utilidade pública, como o 'Nirso' ou o 'Zeguedé', que mostram que bairro de pobre é lugar de vagabundo e maconheiro. Em outra sala, fazer uma instalação com uma típica casa de imigrante: um terreno invadido no mangue ou na barranca de um rio; uma sala com um sofá de plástico feito pela Ambalit e um Telefunkem, além de uma cortina de miçangas no lugar da porta interna. Na cozinha, uma mesa com algumas cadeiras (umas doze), além de uma pia com tampo de mármore marom ou verde, uma Consul com aquele pegador de metal na vertical enorme, um liquidificador Britânnia, um fogão Dako quatro bocas e um forno à lenha, com chapa para o fogão. O quarto, além de um armário de duas portas usado por toda a família, uma cama com colchão de molas no seu vigésimo ano de uso (presente de casamento) e os infalíveis quadros do Sagrado Coração de Jesus e de Maria, uma foto pintada com tinta por cima de um original preto e branco e alguns posteres de cenas bíblicas, como a Arca de Noé e a Passagem do mar Vermelho pelos Hebreus. Claro que, em toda a casa, haverão lâmpadas penduradas pelo fio e o bocal, para dar mais realismo ao cenário.

Por fim, é importante destacar a contribuição das grandes empresas como Tupy, Embraco, Cônsul, Dohler e outras, que ajudaram estes grandes imigrantes a se instalarem o mais próximo possível de suas sedes, demonstrando por meios de gráficos os grandiosos salários pagos, que foram determinantes para integrar estes trabalhadores recém-civilizados à sociedade local, fornecendo moradia em lugares salubres como Comasa, Espinheiros, Floresta e, mais recentemente, Paranaguamirim, Estevão de Matos, Paraíso I, II, II e IV, Jardim Edilene e Itinga I, II, III...

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